Simples e
notórias notas do vento. Uma canção que o mundo jamais imaginou. O flutuar das
águas no rio, doce e serenas são suas curvas e o modo como se movem é de
extrema leveza e simplicidade. As folhas, oh! As folhas das arvores evocam o
som de um paraíso perdido. Não sei onde estou. Mas, nesse mar de quietude e
calmaria percebo que algo não está correto.
Olho para
todos os lados, as águas antes simples se modificam, começam a ficar
avermelhadas. As folhas que outrora jaziam levem no ar, secam-se, e o vento... ah o vento. O que eu fiz pra
merecer tão triste fim?
O vento que
outrora cantarolava notas de uma belíssima canção torna-se violento. Estou
preso dentro de mim mesmo, não consigo sair dos meus pensamentos. E isso me
fere. Preciso de um porto seguro. Preciso de algo que me tire daqui. Mas o que?
O que pode me salvar?
Meu corpo
começa então a suar, minha mão treme, meus olhos estão perversos, eles se
abrigam na escuridão, o nariz começa a sentir o aroma da morte, os ouvidos
começam então a ficar aguçados pra qualquer movimento, a pele sensível a
qualquer estimulo emanado da natureza, preciso de uma vida. O sacrifício é a
única maneira que tenho de libertar-me de mim mesmo. Então começo a procurar.
Uma vida. Somente uma. Não fará falta. Algo dentro de mim diz que não. Mas eu
preciso. É minha liberdade que está em jogo. E a tempestade chega cada vez mais
forte em minha cabeça. Saio desesperado de casa a procura de alguém. Preciso
acabar com isso.
E enfim acordo. A mão suja de sangue. Ao meu
lado jaz o corpo de uma criança brutalmente assassinada. Não sei o que houve.
Acho que eu tentei salvá-la e não foi o suficiente. Não acredito que tenha sido
eu quem fez aquilo. Tem de haver alguém que tenha me visto salvando-a. mas não
há ninguém. Estou só. Perdido. E sou um ser perigoso segundo a sociedade. Mas a
única coisa que queria era liberdade...
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