quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Carta de um Homicida...

Simples e notórias notas do vento. Uma canção que o mundo jamais imaginou. O flutuar das águas no rio, doce e serenas são suas curvas e o modo como se movem é de extrema leveza e simplicidade. As folhas, oh! As folhas das arvores evocam o som de um paraíso perdido. Não sei onde estou. Mas, nesse mar de quietude e calmaria percebo que algo não está correto.
Olho para todos os lados, as águas antes simples se modificam, começam a ficar avermelhadas. As folhas que outrora jaziam levem no ar, secam-se,  e o vento... ah o vento. O que eu fiz pra merecer tão triste fim?
O vento que outrora cantarolava notas de uma belíssima canção torna-se violento. Estou preso dentro de mim mesmo, não consigo sair dos meus pensamentos. E isso me fere. Preciso de um porto seguro. Preciso de algo que me tire daqui. Mas o que? O que pode me salvar?
Meu corpo começa então a suar, minha mão treme, meus olhos estão perversos, eles se abrigam na escuridão, o nariz começa a sentir o aroma da morte, os ouvidos começam então a ficar aguçados pra qualquer movimento, a pele sensível a qualquer estimulo emanado da natureza, preciso de uma vida. O sacrifício é a única maneira que tenho de libertar-me de mim mesmo. Então começo a procurar. Uma vida. Somente uma. Não fará falta. Algo dentro de mim diz que não. Mas eu preciso. É minha liberdade que está em jogo. E a tempestade chega cada vez mais forte em minha cabeça. Saio desesperado de casa a procura de alguém. Preciso acabar com isso.

 E enfim acordo. A mão suja de sangue. Ao meu lado jaz o corpo de uma criança brutalmente assassinada. Não sei o que houve. Acho que eu tentei salvá-la e não foi o suficiente. Não acredito que tenha sido eu quem fez aquilo. Tem de haver alguém que tenha me visto salvando-a. mas não há ninguém. Estou só. Perdido. E sou um ser perigoso segundo a sociedade. Mas a única coisa que queria era liberdade...

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